Além das causas urgentes, doações podem priorizar iniciativas de longo prazo
Quando vamos ao dicionário, encontramos a definição de filantropia como “profundo amor à humanidade”, “desprendimento, generosidade para com outrem, caridade”. Mas a filantropia, na prática, precisa ser mais que um sentimento ou mesmo um estilo de vida. Filantropia, no mundo de hoje, é também a atuação voluntária de recursos privados para o bem público e para as ações públicas.
Como afirma Inês Mindlin Lafer, idealizadora do Confluentes, diretora do Instituto Betty e Jacob Lafer e presidente do conselho do GIFE (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas), hoje é possível pensarmos a filantropia no Brasil em duas grandes frentes. “Enquanto uma delas é voltada para a assistência, para as necessidades imediatas e as ações emergenciais, a outra é voltada para a garantia de direitos difusos e coletivos. As duas se somam e se complementam.”
Em outras palavras, é importante continuar dando assistência em momentos de necessidade, fazendo campanhas de arrecadação de agasalho e doando cestas básicas no combate à fome, mas é igualmente fundamental promover melhorias que, no médio e no longo prazo, possam diminuir as desigualdades e fortalecer a democracia. É a isso que chamamos de filantropia estratégica.
Voltemos ao dicionário: uma das principais definições de “estratégia” é “arte e aplicar com eficácia os recursos de que se dispõe ou de explorar as condições favoráveis de que porventura se desfrute, visando ao alcance de determinados objetivos”.
A filantropia estratégica, dessa forma, prioriza iniciativas sistêmicas e de longo prazo. É um olhar para o futuro, porém sem perder de vista os problemas do presente. Isso quer dizer que a generosidade e o amor à humanidade podem – e, mais do que nunca, devem – atuar tanto nas causas urgentes quanto nas ações que ajam na raiz dos problemas.
É importante ressaltar que a filantropia jamais vai substituir o papel das políticas públicas e do Estado. Seu grande papel é, na verdade, complementar políticas públicas, fazendo com que as ações do Estado cheguem de maneira mais eficiente a quem mais precisa. “Em um país de desigualdades como o Brasil, onde também há uma falta de transparência dos agentes públicos, a filantropia estratégica é fundamental para pensarmos numa sociedade mais plural, justa e sustentável”, completa Inês.
Resumindo, e retomando o que foi dito anteriormente, a filantropia é estratégica quando doamos não apenas para botar comida no prato de quem tem fome e agasalhar quem sente frio, mas também quando nossas doações apoiam projetos que trabalham para fazer com que, num futuro próximo, menos pessoas sintam fome e frio. É quando buscamos transformações positivas na nossa sociedade.